Se alguém nos disser que a doença é a lição oportuna que nos é dada para o exercício do autoamor e da autovalorização, conseguiremos conceber essa verdade? Pois é justamente isso que ela é: condição transitória que desperta o espírito imortal para a mudança.
No exercício de nosso livre arbítrio, por vezes adentramos em caminhos de desequilíbrios e desregramentos variados que, em hábito, condensam energias negativas a infestar nosso organismo.
Sem o controle sobre nossas ações que passaram a ser consideradas nocivas e que vão nos afastando do elo com a divindade, a misericórdia Maior permite que sejamos chamados ao reequilíbrio, ao caminho da retidão. Apresentam-se, então, as doenças, como o convite para reajustarmos aquilo que nós mesmos, por força da nossa imprevidência, desajustamos.
Nessa concepção espiritualista e espiritista, a doença deixa de exercer o maléfico papel propalado em nosso cotidiano, para hastear o sinal da mudança e do despertar. Concretiza-se em freio ao desvario comportamental para oportunizar a revisão dos passos na vida moral.
Com isso, o indivíduo, antes nas raias da cadência e da cova inevitável, ingressa na seara do soerguimento, do amor próprio, da prática e vivência de valores até então repugnados.
Essa mutação da queda que se condensou em doença para o reencontro com o caminho equilibrado, contudo, não se dá em saltos, pois no livro da Lei da Vida, necessário que o aprendizado mature em nosso coração.
É nesse momento da convalescença que o espírito adoecido deve aproveitar para adquirir novos conhecimentos, sintonizar com valores que agreguem ao seu estágio evolutivo, desenfeixando, por outro lado, todas as agruras que trouxeram as chagas cicatrizantes.
Ao final, despertos, conceberemos a verdade: ‘Saúde é a real conexão criatura-Criador, e a doença o contrário momentâneo de tal fato.’¹
Reajustemos, assim, nossos passos.
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¹ Alcione Buquerque, Roberto Lucio e Espíritos Diversos, O homem sadio, p. 88.