Todos nós, na condição de expoentes do pensamento a outrem, temos condição de auxiliar na tomada de decisões daqueles que nos rogam auxílio; e isso geralmente se dá pela palavra articulada, onde mostramos, ao irmão solicitante, o melhor caminho que deve ele seguir.
Com isso, sem darmo-nos conta, incutimos nele a nossa fé, os nossos conceitos, a nossa filosofia existencial; tudo baseado nos conhecimentos que temos adquirido ao longo de nossa, ou melhor dizendo, de nossas existências.
Fato importante de se assinalar, contudo, é que no mais das vezes a fé que ensinamos não é a fé que praticamos, não é a fé que vivenciamos em nós mesmos. Já ouvimos, certas vezes, de forma profana: ‘Faça o que falo mas não faça o que eu faço.’
Por demais contraditória essa expressão, mormente quando sabemos, e é fato, que somente o exemplo é capaz de arrastar multidões. Somente o exemplo concretiza no ser humano o que as palavras inspiram. Sim! Pois aquele que age em desacordo com o que fala, que crédito espera ter dos que raciocinadamente ouvem-no? Para estes, o expoente brilhante, mas sem lustre no exemplo, não passa de hipócrita.
Pensamos, dessa forma, que ao incutirmos nossa fé aos que nos cercam, sem qualquer constrangimento que possa caracterizar o fanatismo débil, devemos certificar-nos se estamos agindo em perfeita sintonia com nossa oratória. E assim, somente assim, perceberemos uma diferença salutar que existe entre ‘falar-ensinar’ e ‘falar-exemplificar’.
O leitor amigo não precisa de muitos recursos mentais para constatar que os grandes sábios da humanidade foram exemplo, em vivência, de seus ensinamentos. Precisamos recordar, acaso, o meigo Nazareno?
Leciona, nesse sentido, o benfeitor espiritual Emmanuel: ‘…será necessário viver de acordo com a fé que ensinamos, a fim de que o mundo encontre em nós, primeiramente, o trabalho e a compreensão, a fraternidade e a concórdia que aspiramos encontrar dentro dele.’¹
Assim, que o trabalho seja incessantemente divulgado, mas, acima de tudo, vivenciado em nós como exemplo edificador.
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¹ Xavier, Francisco Cândido – Justiça Divina, Cap. 73: ‘Experiência Religiosa’, pg. 179.