A MINHA, A NOSSA FAMÍLIA

Nos estreitos laços da vida material os homens reúnem-se em núcleos de afetividade ou consanguinidade para formarem as pequenas coletividades familiares, onde a apresentação de uns a outros afigura-se com a antecessão do pronome possessivo: ‘minha’ (família).

Muitos, porém, inadvertidamente, valem-se desses pequenos círculos familiares para buscar preponderância a outros grupos, seja pela transitória condição financeira favorável, seja pela hierarquia de raças, ou, ainda, por registrarem sobrenomes que saltam aos olhos e sentidos dos menos abastados.

O orgulho exaltado ou o pretenso privilégio no círculo familiar não encontra razão de ser quando estendemos nosso olhar ao infinito da existência espiritual. Ora, de fato, considerando as sucessivas existências e os incontáveis mundos habitados, porque limitar o amor somente ‘aos nossos’?

O próprio Mestre Jesus, ao ensinar sobre a realidade da família universal, que extrapola os limites da nossa vaidade, asseverou: ‘Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos? — E olhando para os que estavam sentados à roda de si: Eis aqui, lhes disse, minha mãe e meus irmãos. Porque o que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã e minha mãe.’ ¹

Uma leitura desavisada poderia levar à conclusão de que Jesus desprestigiava a família consanguínea em benefício daqueles que ‘não eram os seus’. Mas a sabedoria e o amor vivenciados pelo Mestre só tinham uma intenção: fazer germinar no sentimento humano as virtudes do respeito ao próximo, sem distinções, limitações, ou preconceitos de qualquer natureza.

Somos, de fato, uma grande família universal. A par de nosso círculo concebido para as provas e ascensões da vida terrena, não devemos nos esquecer que o irmão que se encontra à nossa porta pode ter sido um pai, um filho, ou outro parente de pretérita existência que, doravante, nos invoca ao amor além-sangue.

Em consideração a esta regra de conduta é que convidamos a todos os irmãos a expandirem suas visões para o Alto, para o Além, onde nos vemos, todos, como frutos de uma mesma intenção: a criação de Deus.

Afinal, retiradas as nossas vestes e o nosso ouro, o que nos difere aos olhos do Grande Arquiteto do Universo? Despertemos, pois!

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¹ Marcos, III: 20-21 e 31-35 – Mateus, XII: 46-50

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