A MORTE NÃO EXISTE

“O mistério da morte é o mistério da vida.” Espírito Amadeu¹

Temor que fragiliza um sem-número de almas, assim não deveria ser se encarássemos a morte como bendita passagem para o “lado de lá”, isto é, para o plano eterno da vida, o plano espiritual.

Ora, a morte amedronta, não porque se faz ‘morte’, mas porque ignora-se – ou, melhor, ignorava-se – a sobrevivência e o real destino do Espírito humano.

Antes do advento do Consolador Prometido tudo se resumia, basicamente, a três destinos para a alma: o céu, em sua ociosidade contínua, destinado aos eleitos do Senhor; o inferno, com suas chamas imperecíveis, lugar dos pecadores inveterados; e, enfim, o purgatório, local de expiação, antepasso para o acesso das almas ao paraíso.

Hoje, contudo, o cenário que a fé raciocinada lustrou nas mentes encarnadas é, felizmente, bem outro.

Sabemos, pelo ensino que os Espíritos nos deram, que o céu e o inferno não são locais circunscritos, territórios destinados aos escolhidos ou pecadores tenebrosos. Por céu e inferno compreendemos o estado da alma que é feliz ou infeliz, em sua consciência, pelos atos praticados, e nutre em si mesma, onde quer que esteja, seja na Terra, ou em qualquer ponto do plano espiritual. Quanto ao purgatório, esse sim, pode bem ser considerado o plano terreno, onde todos depuramos nossos Espíritos para nos melhorarmos, nos reformarmos moralmente e, de retorno ao plano de origem, lá cheguemos um tanto mais sublimados na aquisição de virtudes.

Vejamos que, nesse cenário, a morte deixa de ter a misteriosa face do temor para receber a venturosa face da vida, pois, após o trabalho de depuração íntima, nos libertarmos do jugo pesado do corpo físico, das dores, das doenças, das vicissitudes, das lutas espinhosas do mundo… é o que mais queremos.

Claro que a alegria do mundo dos invisíveis não será dada a quem não fizer por merecer! Não há privilégios na lei divina!

Mas, àqueles que bem cumprirem o seu dever na vida terrena, não há razão para não almejarem os louros da vitória após os passos rumo ao Gólgota, com a própria Cruz. Ou seria descabido buscarmos as alegrias que o Senhor prometeu em suas bem-aventuranças?

Volver à nossa Casa é bênção que a todos será dada. Enquanto não é chegada a nossa hora, porém, busquemos nos preparar para, quando chamados formos, lá sejamos recebidos entre abraços amigos e coros de harmonia, culminando, enfim, na íntima paz consagrada aos que tiveram a sua tarefa bem cumprida.
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¹ Soneto ‘O Mistério da Morte’, de autoria do Espírito Amadeu, psicografado por Chico Xavier in Parnaso de Além Túmulo.

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