ALMAS GÊMEAS SOB A ÓTICA ESPIRITUAL

No dito popular é comum ouvirmos a expressão: ‘fulano(a) é minha alma gêmea’, pressupondo, a nosso ver, que as almas caminham eternamente juntas, sempre ligadas uma à outra, dada a afinidade amorosa que as une.

Embora o vulgo tenha o alento de estimular a paixão e o sentimento conjugal, como se dá a questão das ‘almas gêmeas’ sob a ótica espiritual? É possível que tal se dê em consideração à pluralidade das existências (reencarnações sucessivas)?

É o que nos instiga a refletir…

O Espírito Miramez, na obra ‘Filosofia Espírita – Vol. VI’, sob a pena de João Nunes Maia, tecendo comentário à Questão 298 de ‘O Livro dos Espíritos’, esclarece que “antes de chegar à pureza espiritual, é claro que temos necessidade de estarmos unidos por sentimentos mais profundos a determinada alma, que nos ajuda e nos sustenta na própria vida”.

Entretanto, prossegue o benfeitor ensinando que “a concepção de almas gêmeas depende do plano em que se situam”, pois que, “evoluídas a um estado superior, isto é, da pureza evangélica, o amor se concretiza na universalidade” e, não, na exclusividade de uma alma à outra.¹

Em linha de sintonia, o Espírito Emmanuel, no livro ‘O Consolador’, psicografado pelo querido Chico Xavier, dá o seu magistério: “O amor das almas gêmeas não pode efetuar semelhante restrição [ao amor universal], porquanto, atingida a culminância evolutiva, todas as expressões afetivas se irmanam na conquista do amor divino. O amor das almas gêmeas, em suma, é aquele que o Espírito, um dia, sentirá pela Humanidade inteira”.²

Compreendemos, assim, que a teoria das ‘almas gêmeas’, vista de ponto mais restrito, sustenta-se no auxílio mútuo que existe entre as almas afins que se entreajudam na caminhada espiritual.

Atingido o ponto evolutivo próprio, esse amor se expande, para uni-las pela sintonia dos sentimentos, não nos cabendo imaginar que Deus fez uma alma exclusivamente para a outra, no sentido de que somente as duas possam sentir o amor verdadeiro entre si.

O amor é atributo divino e, através dele, é necessário despertarmos para o sentimento coletivo, que nos une a todos.

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¹ MAIA, João Nunes, pelo espírito Miramez. Filosofia Espírita – Vol. VI;

² XAVIER, Francisco Cândido, pelo espírito Emmanuel. O Consolador.

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