ÂNCORA DE SALVAÇÃO

A doutrina do Amor, ditada e vivida pelo meigo Nazareno, constitui-se, sem dúvida, no trajeto a ser palmilhado por todos nós; seja pelo ato consciente, ou pela dor consequente, todos haveremos de passar para o lado do caminho que Santo Agostinho, em seu tempo, prenunciou, com Jesus, como sendo o único capaz de levar-nos ao nosso Criador. Assim, pois, disse também Kardec com propriedade: ‘Fora da Caridade não há salvação.”

Muitos de nós, entretanto, descrentes dos atos que a humanidade em aparente ruína revela dia a dia, acabam somando número àqueles que não mais conseguem haurir forças para a prática do bem; seja, então, por entenderem que ‘tudo está perdido’, ou por que ‘não há mais o que fazer, senão esperar o fim.’

Fim? A esses irmãos, equivocados segundo o ponto de vista que aprendemos a compreender – pelo qual haveremos de colher os frutos de nosso plantio, nesta, ou n’outra existência – dizemos que o despertar para os atos da vida moral não depende essencial e exclusivamente do próximo, pois a transformação que tanto vemos ausente no outro, deve iniciar prioritariamente em nós mesmos.

Com isso, queremos refletir em conjunto que seremos responsabilizados também pelo bem que tivermos deixado de fazer. Seremos avaliados – não por um Deus implacavelmente mau; não! Esses conceitos já decaíram há tempos, pois a fé deve ser raciocinada – pela nossa própria consciência, que traz o traço inquestionável da Lei Divina. E ela, imediatamente ela, a consciência, colocar-nos-á diante de um juízo honestíssimo, e seremos, então, chamados a responder por todo que mal que tenhamos feito, além de todo bem que tenhamos omitido em fazer.

Dessa forma, o mandamento cristão do “amar o próximo como a si mesmo”, disseminado na expressão “Fora da Caridade não há salvação”, toma contorno diferente, pois a prática do bem passa a ser essência de nossas condutas, cujos resultados estão ligados ao mais desinteressado ato de benevolência.

Assim é que somos convidados, a todo instante, à caridade. Não percebemos ainda? Talvez seja porque não fomos ao encontro dos órfãos, dos idosos carenciados, dos famintos, dos friorentos ao relento, dos transtornados psiquicamente, dos acidentados da alma, do filho que pede colo, do pai que clama atenção, da mãe carinhosa que suplica afeição…

Oportunidades não nos faltam. Ou as reconhecemos agora, ou o arrependimento futuro a isso nos levará.

——-

Deixe um comentário