Nas lides ásperas do caminho, vez por outra postamo-nos como revoltosos diante daqueles que esperávamos o afeto imediato, o carinho almejado, a palavra conselheira, o tempo dedicado ao ensinamento, o lustre para a transformação do nosso jeito de ser. Temos anseios, e pensamos que isso deva ser muito natural. Afinal, assim fomos criados a crer…
O passar dos tempos e as experiências que lapidam nosso modo de pensar conduzem-nos, todavia, a patamares distintos e o cenário que vai se desenhando exige no entorno uma autorreflexão. Antes de exigirmos, passamos a avaliar, por elucidação, o quanto estamos doando de nós mesmos.
Emmanuel, o tão reverenciado Espírito luminar, educador de almas que almejam esclarecimento espiritual, revela-nos, com a sinceridade daquele que instrui sem ofender:
“… se estivesses no plano dos amigos perfeitos, não respirarias na escola do burilamento moral.
O universo é governado por leis infalíveis.
‘Dai e dar-se-vos-á’ – ensinou Jesus.
Possuímos, desse modo, tão somente aquilo que damos.
Se aspiras a receber a simpatia e a abnegação do próximo, começa distribuindo simpatia e abnegação.’¹
Ora, de fato, no patamar evolutivo em que nos encontramos, frente a tanta luz vertida ao esclarecimento de nossos Espíritos, não nos é mais permitido o esconderijo ante o progresso. Somos convidados, opostamente, ao esquecimento do ‘eu’, à renúncia de pontos de vista, e ao embate das imperfeições, lapidando-nos qual um oleiro que está a ornar o vaso entre as incansáveis mãos.
Por isso, buscando a colheita das flores e dos amores, evitemos o plantio dos espinhos e dos maus pendores que ferem e sangram, pois, de resto, bem sabemos: “A semeadura é livre, mas a colheita obrigatória.”
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[1] Xavier, Francisco Cândido, pelo Espírito Emmanuel – Seara dos Médiuns, Cap. 89 ‘Reforma Íntima’, pgs. 247/248.