AS FACES DA LIÇÃO

Quando falamos em amor, comumente nas conversações profanas do dia a dia, misturamos a essência do sentimento nobre com as sensualidades que buscamos satisfazer. Dizemos, por isso, que amamos esta ou aquela pessoa, aquela viagem, aquela imagem, ou mesmo, aquele objeto que nutrimos determinado apego.

Contudo, ao avançarmos para a compreensão do amor numa expressão mais sublime, aprendemos a distinguir os valores que damos a cada situação, pois o “amor maior”, aquele que nos eleva espiritualmente – e é sempre o que nos importa nos textos que trazemos à nossa reflexão conjunta – não é fruto da mescla sensual e do apego.

O “amor maior” – pensamos -, é o que resulta das ações nobres que não humilham, que não maltratam, que não se prendem à possessão, ao ciúme, ao egoísmo… e, por isso, resultando no fato de que o “amor não constrange”, não pode estar atrelado aos vícios próprios da alma ainda imperfeita.

Não confundamos, por outro lado, o exercício do amor com a necessária reprimenda que eventualmente o acompanha. Não entendamos, com isso, que o exercício do amor não possa vir unido à determinadas lições e que, num primeiro momento, levam às lágrimas o ente amado. Pensemos, a exemplo, a advertência do pai que instrui o filho, por vezes, que está no desentendimento do caminho a seguir. Acaso a reprimenda – tão dura de ser feita pelo próprio pai – converte-se em desamor, somente por isso? Acaso essa mesma lição, dura de se ouvir no primeiro instante, não se converte em frutos primorosos se for acolhida no coração e no íntimo da alma, pelo filho advertido? E isso, na contemplação do amor, não significa uma das faces em que ele se apresenta?

O amor, é verdade, possui muitas faces e revela-se a todos nós em inúmeras lições. Mas o ser humano que visa a sua elevação, que anseia pela preponderância do “homem espiritual” sobre o “homem material”, carece de maior reflexão para anotar no íntimo de si mesmo as lições trazidas por aqueles que nos querem o bem, que nos mostram a luz, e que, por amor a nós mesmos, palmilham dolorosos carreiros.

Saibamos nós, dessa feita, dar o devido valor àqueles que nos soerguem da escuridão, mostrando-nos, pela lição, o caminho imprescindível para a evolução.

——-

Deixe um comentário