CAÍDOS

No momento reflexivo pego-me a relembrar as belas lições do mestre querido que, em certo dia, dispensou-nos generosa porção de apelo aos aflitos esquecidos, os chamados caídos da Terra.

Por caídos – disse-nos ele -, temos a limitada visão daqueles que se encontram na posição horizontal no leito de dor, ou jogados nas calçadas das ruas, passando fome, passando frio, ou suportando a ausência da compaixão de seus irmãos.

Entretanto, outros caídos existem, e em maior número que aqueles, que nos passam despercebidos, pois não nos chamam a atenção pela queda do corpo no chão; não se mostram famélicos; não se mostram estropiados. São os caídos de alma.

Esses irmãos, que trazem em seus espíritos as chagas invisíveis aos olhos materiais, imploram a compaixão, o alento para seus sofrimentos, mas, no mais das vezes, se sentem desolados e abandonados, crentes que a vida é um purgatório sem fim.

Esses irmãos, com a esperança crucificada ladeira a baixo, vertem os olhos manchados pelo martírio, clamando a nós sejamos os seus cireneus – tal qual aquele que ajudou Jesus a carregar a cruz no caminho até o Gólgota – a auxiliar-lhes no soerguimento até a luz.

Por eles, e para eles – arrematou o mestre filósofo – devemos dedicar nossas orações e nossas ações, assemelhando-nos ao Samaritano que não olvidou dedicar esforços ao irmão assaltado por ladrões; equiparando-nos aos que elevam preces ao Altíssimo, invocando as mãos invisíveis que amparam todos os filhos de Deus.

Amparemos, assim, os caídos, quaisquer sejam as suas condições transitórias, cientes de que, no amanhã, poderemos ser nós mesmos a implorar o auxílio de nossos irmãos que já ascenderam os degraus da evolução.

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