Na faina e na luta de cada dia, todos nós, em muitas ocasiões, sentimo-nos presos a um passado quantas vezes de ações equivocadas. São laços tênues, invisíveis aos olhos do mundo, mas vigorosos à consciência, que nos impedem de seguir para frente, guardando uma angústia que parece não ter fim.
Mas, eis que das cinzas da aparência, qual fênix a ressurgir, o Espírito recebe do Cristo o direito de recomeçar a experiência para adquirir os valores mais sublimes, e que o conduzirão à verdadeira libertação e, com isso, à felicidade esperada.
Na passagem de Lázaro, descrita pelo evangelista João¹, nosso Mestre e Senhor leciona ao mundo a mensagem consoladora, quando, estando Lázaro, o amigo, sepultado e atado às faixas vigorosas da ‘morte’, manda Jesus que o desliguem e o deixem ir.
Sem extrair o espírito da letra, a passagem evangélica pode limitar-se a mera realização de milagre. No entanto, quando nos fixamos à verdade reveladora, vemos um Jesus que libertou Lázaro – e todos nós – de um passado delituoso e conflituoso, destrancando as algemas que o prendiam e, com isso, dando-lhe nova oportunidade para começar outra vez.
Eis o consolo que o cristianismo pode ofertar aos corações aflitos! Eis a dádiva que a humanidade recebe do Alto quando toma a lucidez de que pode se renovar, pois o Pai assim o permite, assim o quer…
Porém, a ressurreição dada ao ser humano, é bom que se diga, não o é para o recomeço do erro – o que levaria a novo ciclo de dores -, mas, sim, para a renovação de si mesmo, adquirindo valores que até então não dispunha. E isso só será possível com a retificação do passo no caminho e a tomada de atitudes que até então não eram levadas a efeito.
Só o Bem, vivenciado, poderá, em espírito e verdade, dissipar a opressão que sentimos; só a Caridade poderá nos salvar; só o Amor poderá nos iluminar…
A dor, por outro lado, e enfim, somente o despertar pode trazer. Isso, enquanto não aceitarmos Jesus como Aquele que nos foi enviado para, como dito, começarmos outra vez.
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¹ João, 11:44