CONSCIÊNCIA DESPERTA

Haroldo Dutra Dias, um dos maiores expoentes da doutrina espírita na atualidade, conta-nos que certa feita fora procurado por uma jovem que lhe narrou ter ingressado em diversas religiões, desde o hinduísmo até o protestantismo e, entretanto, não encontrara nem a disposição, nem a resposta para os seus anseios.

Perquiriu-lhe, então, a jovem, o que deveria ela fazer. Onde estariam as respostas? O que era preciso fazer para se ver compreendida?

Em atenção àquela indagação, disse o entrevistado espiritista:

– E você quer mesmo encontrar as respostas? Os caminhos? Pois, se o quiser, não há necessidade de ir a lugar algum. Basta que você anseie e se coloque na posição receptiva de se reformar.

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A passagem narrada transporta-nos a oportuna reflexão: para a mudança do caminho, é preciso querer.

De fato, muitas vezes nos inquietamos diante da angústia, interpelando nosso juízo com severas críticas endereçadas a Deus, como se o Criador fosse o responsável maligno por nossas faltas.

Contudo, tal qual um paxá, nos acomodamos e mal saímos da pecha da ignorância. Não estamos dispostos à mudança, pois para mudar é preciso desarraigar velhos hábitos, pontos de vista antiquados e, acima de tudo, transformar o homem velho em homem novo.

No mesmo caminho, é mister recolhermos a lança endereçada ao próximo e vasculharmos o íntimo de nossa alma, realizando verdadeira lavagem espiritual. Aproveitemos a dádiva concedida para trabalhar, em nós mesmos, aquilo que idealizamos em – e para – outrem.

Afinal, a Lei Divina – reportando-nos à passagem narrada nas primeiras linhas – não está centrada num ponto exterior e não precisa ser buscada no além; está na consciência de cada um de nós.¹

Basta, assim, perscrutar…

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¹ Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos, Questão 621.

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