DE ALMA PARA ALMA

“Falar-te-ei, agora, de alma para alma.” (O Mestre)

É preciso considerar, nas conversações diárias, que o alfabeto compõe palavras verbalizadas e, estas, nem sempre atingem o melhor ideal. Saídas das cordas vocais do insensato e do intemperado, causam a discórdia, o negativismo, o desalento, a calúnia, e os diversos contrastes que costumeiramente tomamos nota.

De modo igualmente distorcido, presenciamos verberações entre pais e filhos, filhos e pais, entes íntimos e queridos, entoados com a rispidez e a deseducação que amargura o coração, abre feridas intermináveis; às quais somente o tempo – e costumeiramente a dor da reconciliação – é capaz de cicatrizar.

Ah, se tomássemos nota da responsabilidade que nos toca, a cada um, sobre os “horizontes da fala”! Ah, se nos detivéssemos e avaliássemos os efeitos gerados por tantas palavras impertinentes, desnecessárias, infelizes… Quiçá, rogaríamos a Deus que a mudez tivesse nos acercado antes…

Faz-se óbvio que não reconhecemos, por momento, que a fala é um dom que deve ser mensurado e utilizado no progresso evolutivo do Espírito, de sorte que, como outros dons que nos foram concedidos, sempre que mal utilizada – a fala -, levará à Suprema reação da “lei de causa e efeito”.

Àqueles que são os “portadores do verbo”, que o façam, pois, com sensatez ao discernimento e esclarecimento, conscientes de que mesmo entre os mais sublimes dos intelectuais, há, ainda, miséria acerca da Sabedoria Divina. Àqueles responsáveis pela “instrução”, que a palavra seja acompanhada do Amor, pois não basta ensinar, se quem ensina, por seu termo, não vive o que teoriza. Àqueloutros, também, que utilizam do púlpito na defesa dos menos favorecidos, que a chaga horrenda da corrupção antimoral não lhes toque o íntimo, para que não sejam vítimas nefastas dos próprios equívocos.

Consideremos, no contexto proposto, que a palavra verbalizada merece destaque e especial atenção de todos nós. Se não soubermos, assim, bem nos expressarmos para não gerarmos deturpação de sentidos e ações, façamos como o músico que entoou a canção: “Saber ouvir é mais saber…”.

Mas, se nos encorajarmos na expressão reta, no colóquio íntimo ou exterior, na feição cara e sincera dos amigos, dos filhos, dos amados, do próximo mais próximo do coração, jamais nos olvidemos que o bom portador do verbo sempre dirá e se reportará ao entrevistado com a condição sublime e afável: “Falar-te-ei, agora, de alma para alma”.

Afinal, todos sabemos: “…a boca fala, do que está cheio o coração”. ¹

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¹ Mateus 12:34

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