EMPUNHAR A ENXADA

Já cansados das atribulações diárias, onde tantos de nós ainda estagia na zona umbralina que nos impede de trilhar os caminhos da consciência livre, ousamos pensar que breve reforma está por chegar. Cremos que de imediato, da noite ao dia, tudo se transformará, como se literalmente o caos fosse a pronta solução de todo o obscuro cenário que demoramos milênios para construir.

Às vezes por isso, com a expectativa da regeneração anunciada, nos colocamos em condição passiva e ociosa, como quem aguarda a ‘chuva passar’ para retomar as atividades da lida. Os ensinamentos sublimes, contudo, convidam-nos a assumirmos outra postura.

Parece-nos claro, muito evidente mesmo, que nossa tarefa é auxiliarmo-nos uns aos outros para que essa fase de transição se opere sem o menor impacto doloroso possível. E isso, sem outro modo, impõe que tomemos mão da enxada e comecemos a preparar o terreno para que, em futuro próximo, outros lancem semente em solo propício.

Repitamos: nossa tarefa é empunhar a enxada e trabalhar o terreno.

Não esperemos que os frutos sejam de imediato colhidos, pois, acaso estamos convictos de que a terra foi, por nós, corretamente cultivada? E, antes disso, foi propriamente tratada com o manejo da enxada?

Não nos esqueçamos que o maior Trabalhador que nosso planeta recebeu, há milênios passados, ainda não contemplou nos homens a mensagem trazida, mesmo tendo, Ele próprio, palmilhado o árido terreno que o martirizou na crucificação.

É preciso, meus irmãos, que cada um de nós se dê conta da responsabilidade pessoal na tarefa assumida; que cada um adote o papel transformador; que cada um empunhe a própria enxada, consciente de que a terra a ser trabalhada somos nós mesmos.

Aí, quem sabe, poderemos dizer que estamos iniciando e fazemos parte do processo de renovação, onde o bem não mais será um ideal inalcançável.

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