INCÔMODOS

“A partir do momento que a gente sabe o que nos incomoda é que a gente começa a entender o que Deus quer de nós”. – Pe. Fábio de Melo

Certa feita, ouvindo o ensinamento de um padre católico conhecido nacionalmente, Pe. Fábio de Melo, pude refletir e concluir, sob o ponto de vista de minha formação doutrinária religiosa – o Espiritismo – que Allan Kardec, o codificador da abençoada doutrina rediviva, sempre esteve muito além de um simples organizador dos ensinamentos dos Espíritos, e é, de fato, um reformulador do pensamento humano.

Assim afirmo – e repito, sob meu ponto de vista – porque Kardec, em suas obras, torna claro que Deus manifesta-se à criatura através da própria criação, e que, toda doutrina, em um aspecto pontual, tem o seu fundo de verdade, além de que o Espiritismo jamais invocou para a si a titularidade exclusiva dessa manifestação. E, assim deve ser porque a Verdade é uma só: DEUS.

Quando, então, ouvia a explanação do jovem e sábio sacerdote católico, e automaticamente fiz a transposição do pensamento para o meu aprendizado evangélico-espírita, concluí que há notória sintonia na expressão destacada no preâmbulo, pois, como espíritas sabemos que Deus, por ser onisciente, está em todas as consciências e, Sua Lei, inscrita nessas mesmas consciências, se faz ecoar àqueles que têm os sentidos e sentimentos abertos à sua voz.

De tanto caminharmos; de tanto palmilharmos terrenos áridos e trôpegos; de tanto fecharmos os ouvidos e os corações ao “belo da Vida”, chega uma hora que nos sentimos incomodados, vazios e, então, começamos a querer dar abertura àquela voz sublime, única capaz de preencher os espaços insatisfeitos.

A Doutrina do Amor, abençoada esperança imortal e eterna prenunciada por Jesus, traz idêntica lição, com palavras de Santo Agostinho, após a invocação ao filósofo Sócrates, quando nos leva a conhecermo-nos a nós mesmos para a preservação de todo mal.

Ora, não é possível o conhecimento de si mesmo sem a interiorização e a busca íntima de algo que incomoda, que infelicita. A resposta, para relembrarmos Sócrates, não está fora de nós e, sim, dentro de nós. E, ao ouvirmos essa resposta íntima, mais saberemos o que Deus quer de nós.

Por isso, dia a dia, mais percebemos que o Amor de Deus, UNO e INDIVISÍVEL, está lançado em palavras e em corações multiversos, a fim de que, travestido em Sua “palavra”, converta as almas cansadas em verdadeiros heróis de si mesmos.

Basta, enfim, para o primeiro passo na luta e na batalha, com a armadura da Fé racional, verificarmos, o que está a nos incomodar…

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