MÃOS CURADAS

Os Evangelistas Mateus, Marcos e Lucas, ao registrarem as passagens de Jesus em suas sublimes lições, não esqueceram de trazer o eternizado ensinamento simbolizado na cura do homem com a mão atrofiada¹. Nos versículos grafados, Jesus, estando na sinagoga, percebendo que as convenções mundanas da época impediam o trabalho aos sábados, quis demonstrar que as regras dos homens não podem estar acima da prática de todo o bem, consagrada pela Lei Divina.

Assim, ao questionar os endurecidos de coração que lhe ouviam, indaga-lhes se era lícito fazer o bem ou mal no dia de sábado. Nada obtendo como resposta, chama ao centro da sinagoga um homem que tinha uma das mãos ressequidas, isto é, seca e atrofiada. Estendendo-lhe as mãos, após levantar-se, o homem tem a cura pretendida, sendo-lhe restituída a oportuna condição de bem valer-se do membro físico na prática redentora.

Essa passagem, realçando que a guarda do dia de sábado deve ser para a prática de todo mal (como devem ser todos os outros dias), e não para o contínuo exercício do bem, encerra uma lição ainda mais profunda. Vejamos que Jesus, ao curar as mãos do homem que as estende, “devolve-lhe a oportunidade de serviço. […] O Cristo restitui-lhe o ensejo bendito de trabalhar.”²

Ora, temos por hábito, quase sempre, ao estendermos as nossas mãos para o Alto, imbuídos no desejo material que ainda nos pesa, suplicarmos o amparo para as nossas intenções mundanas; e por isso, pedimos o dinheiro que alivie a necessidade financeira, a posição social que nos dê o respeito que desejamos, ou a companhia que os nossos corações fantasiam nos envolvimentos ébrios do egoísmo.

Mas, diversamente, a Divina Providência, sabendo o que nos é melhor, conhecendo os melhores caminhos para nossa progressiva ascensão, concede-nos o bendito ensejo de trabalhar, de servir, e de auxiliar, já que, sob o manto da Lei Maior, não há privilégios, e a cada um será dado segundo as próprias obras.

Por isso, registramos em arremate as belas palavras do benfeitor espiritual Emmanuel, para que consideremos sempre: “Quando estendermos nossas mãos ao Senhor, não esperemos facilidades, ouro, prerrogativas… Aprendamos a receber-lhe a assistência, porque o divino Amor nos restaurará as energias, mas não nos proporcionará qualquer fuga às realizações do nosso próprio esforço.”³

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¹ Mateus 12:9-14; Marcos 3:1-6; Lucas 6:6-11;
² O Evangelho por Emmanuel – Comentários ao Evangelho Segundo Marcos: “Mãos estendidas”, pgs. 40/41;
³ Idem supra.

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