Poucos são os que reconhecem a necessidade de um diálogo esclarecedor a iniciar no lar doméstico. A maioria esquece que o recinto familiar é a célula que compõe as vastas extensões do organismo social, de forma que, se não somos capazes de conter nossas dificuldades no templo íntimo dos consanguíneos, é bem pouco provável que tenhamos fácil convivência no ambiente da vida.
A situação se agrava aos nossos olhos quando nos damos conta de que a ausência de melhor instrução, de atenção, e de amparo por parte dos genitores – ou daqueles que lhes fazem as vezes – com relação aos filhos em experiência infantojuvenil, encadeia transtornos, muitas vezes irreparáveis, por toda uma existência.
É que nesse processo transitório, as mentes dos pequenos encontram-se como aturdidas, considerando a demanda de necessidades psicoemocionais que o mundos lhes impõe, sempre prejudicada pela baixa oferta de amparo e solicitude por parte dos seus.
Daí, não raro temos visto uma pequena porção de infelizes detratores das grandes verdades tornando-se falsos educadores de nossas crianças, imputando-lhes à mente condições perturbadoras e aflitivas, que mais ora menos ora, voltam ao influxo do ambiente familiar com os agravos das crises tão conhecidas.
Nossos filhos, nossos tutelados, nossos jovens, carecem da sadia instrução e, melhor instrução não há senão aquela que parte do aconchego familiar que orienta com a compreensão e compaixão próprias. Referimo-nos, claro, às primeiras lições para a vida, que atuam diretamente na primária formação do caráter e no preparo para as lides de relações pessoais e sociais.
Na condução da “lição basilar” para os menores, destacamos os que têm direito de guarda e o dever da moralização, nos estreitos laços consanguíneos ou de afetividade espiritual, realçando que o Lar consubstancia-se no templo doméstico, mas também em qualquer recinto sagrado apropriado ao acolhimento dessas almas em formação.
Jamais devemos olvidar de perseverar no aviso e na melhor orientação que nos compete; no carinho e na advertência aos pequenos que nos foram confiados enquanto a oportunidade nos favorecer, “…porquanto muito dificilmente conseguimos escutar-nos uns aos outros por ocasião de tumulto ou tempestade, e ainda porque ensinar equilíbrio, quando o desequilíbrio já se instalou, significa, na maioria das vezes, trabalho fora de tempo ou auxílio tarde demais.” ¹
Não esqueçamos, meus irmãos: só o Amor educa, constrói, transforma para o bem e, enfim, regenera.
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¹ O Evangelho por Emmanuel – Comentários ao Evangelho Segundo Marcos, Capítulo: “Página aos Pais’, pg. 83/84.