O ESSENCIAL

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.” (Antoine Saint-Exupéry)

O escritor francês, acima referido, autor do clássico “O Pequeno Príncipe”, soube bem elevar o pensamento dos seus leitores ao entendimento de que há algo que traduz as verdades imutáveis do puro afeto. Uma de suas lendárias e sábias frases, no diálogo inspirado entre a raposa e o príncipe, é esta: “Eis o meu segredo. Ele é muito simples: somente vemos bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.”

Há – é verdade – algo que a matéria física nem sempre alcança, e que está nas sutilezas do invisível, do inefável, do infindável.

Contudo, respeitados pontos de vista exclusivamente espiritualistas, é bem certo que ainda vivemos “num corpo de carne” e, nesta condição, algumas necessidades existem que somente podem ser supridas pelas sensações do corpo físico. E, de fato, nunca se viu alguém ensinar que um abraço, um carinho, um beijo afetuoso possa ser dispensado somente porque o “essencial seja invisível aos olhos”.

Em termos de doutrina espírita – vale registrar muito bem – o notável Allan Kardec, ao comentar a Questão 938 de “O Livro dos Espíritos”, dentro do tema “Decepção. Ingratidão. Afeições Destruídas”, assevera com límpida e salutar clareza: “A NATUREZA DEU AO HOMEM A NECESSIDADE DE AMAR E DE SER AMADO.”

E se restar alguma dúvida da clareza gramatical traduzida pelo sábio lionês, podemos remeter o amigo leitor ao pensamento do próprio Cristo de Deus, que ao enfeixar o Decálogo Mosaico em apenas dois mandamentos, após referir-se ao Criador, imortalizou em lição vivenciada: “Amai o vosso próximo, como a vós mesmos.”

Disso resulta, para nossa reflexão de momento, considerando as atribulações e asperezas da vida, que devemos sim cultivar os hábitos que nutrem o nosso corpo espiritual, com a chama que vitaliza e nos fortalece para os embates da vida. Mas NÃO PODEMOS, de modo algum, esquecermos dos atos simples, singelos mesmo, muito imperceptíveis e desnecessários para alguns – quando não impossíveis para outros – e que são, também, parte de verdadeira essência nas relações pessoais. A ternura do abraço, a docilidade do beijo, a afabilidade sincera no toque de pureza d’alma, são o combustível que nos alimenta e mantêm a chama do sagrado amor ao próximo mais próximo.

Nunca nos esqueçamos, ademais, que se o essencial pode ser invisível ao olhos na transcendência do sentimento, somos, por outro prisma, gravemente responsáveis pelos laços que criamos, já que, na expressão do próprio Saint-Exupéry: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”

Por isso, rematamos de nossa ordem: o essencial mesmo, É O AMOR.

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