O PESO DA CRUZ

Inúmeras são as dores, os lamentos, as tragédias, os sofrimentos que nós, humanos, suportamos nessa nossa passagem existencial. Vivemos n’um planeta de provas e expiações, em que a Terra assemelha-se a grande hospital, onde almas em ascensão resgatam débitos do passado e provam a capacidade de evoluir, ora superando as dificuldades impostas, ora as solicitadas.

Acaso alguém atreve-se a defender que goza, neste plano físico, a felicidade absoluta? E como conceber esse estado imperceptível à nossa mísera condição inferior?

Não dizemos da felicidade ilusória que entorpece os sentidos materiais. Dizemos da felicidade inefável; àquela que poderá nos ‘arrebatar ao contentamento extremo, imerso no amor de Deus, no reconhecimento de sua bondade infinita, consubstanciada na alegria profunda de ver o bom, o bem’

Para atingirmos esse estado inebriante de amor, mister (dizem os Espíritos) que saibamos suportar o peso da cruz; coisa aliás, bem justa, considerando as incontáveis vezes em que fomos instrumento do equívoco, do erro.

Suportar significa RESIGNAR, não lamentar, não maldizer, não revoltar. NÃO revoltar? Pois é, a conduta negativa, aqui, faz-se primordial, pois diante das provas é necessário ter consciência de que não carregamos nosso fardo por injustiça Divina, ou por desamparo. Se o carregamos (esse fardo, essa cruz), é por consequência de nossas ações passadas. Toda aflição tem um por quê e um pra quê.

Contudo, o próprio Cristo, o Mestre de Nazaré, ensinou-nos em tempo ainda vivo nos nossos corações, que tudo é impermanente, de forma que nenhum sofrimento durará eternamente. Ao término na luta, todos seremos agraciados com o alívio das nossas mazelas.

Assim, no caminho do calvário que ora estamos, tenhamos Fé, pois somente ela nos impulsiona à libertação almejada, de forma que o peso da cruz, venha a se converter em alívio pela Luz.

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¹ Kardec, Allan –  ‘O Céu e o Inferno’, Seg. Parte, Cap. II, Espíritos Felizes, Um Médico Russo, pg. 141.

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