O PRESENTE DO SABER

O Espírito, dotado do atributo da inteligência, percorre, desde a sua criação, escalas inúmeras de aprendizado para, um dia, chegar à perfeição relativa e ao ponto da pureza moral.

Entretanto, até lá, somos sabedores de que o conhecimento adquirido, pela veia da intelectualidade, precisa ser canalizado em proveito máximo do bem comum. Intelectualidade, aliás, que é fruto do que extraímos das obras à nossa disposição; das pesquisas históricas às quais o “homem” tem acesso.

Devem caminhar de “mãos dadas”, por seu turno, o intelecto com a moral, em seu conjunto de virtudes, apresentando-se no ser humano a condição ideal: o saber aliado ao amor, culminando, então, no que chamamos de Sabedoria.

E esse ideal esperado não é o que confrontamos ainda, em verdade…

Assim o fosse, e se acaso tivéssemos a presença global da Sabedoria no coração do homem, não veríamos mentes brilhantes valendo-se do intelecto para a construção e fortalecimento do mal, das dores, dos horrores e das tristezas quase sem fim, quando deveriam edificar a felicidade perene.

Constata-se, sem estudo aprofundado, que há uma busca do aprendizado para proveito próprio, no reflexo do egoísmo, para subida ao púlpito e colheita dos aplausos da vaidade; mesmo que ilusória e passageira seja a impressão que lhe registre à alma.

O homem, ávido pelas sensações em detrimento dos sentimentos, olvida que somente a fraternidade, irmã da salvadora caridade, será capaz de elevá-lo às condições reais do saber, pois aquele que tudo deseja para si, em prejuízo do outro, morre com o tesouro no baú enregelado do próprio coração.

Esquecemos, no contexto evangélico, que os talentos confiados à nossa espécie humana serão cobrados, ceitil por ceitil, acerca dos rendimentos que deveríamos ter providenciado, tal como ilustrou Jesus na parábola milenar.

Do “lado de lá”, por isso, atravessando o umbral da morte para vida real e imortal, a consciência despida dos véus imaginários que o mundo turvou, questionará em tom justiceiro: _ Que fizeste, oh dispenseiro infiel e imprudente, dos bens que lhe foram confiados?

E rogaremos, então, à misericórdia divina, novo estágio em condições de luta a fim de valorizarmos, com mais sacrifício, o que n’outro momento prodigalizamos… em vão.

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