O SEMEADOR

“Eis que o semeador saiu a semear…” – Jesus (Mateus 13:3)

A ‘parábola do semeador’ é uma das mais belas lições sobre a frutificação do trabalho. Através dela concebemos que toda ação deve ter por meta o resultado produtivo; que cada semeadura deve ser a própria consciência buscando o melhor propósito, para que colhamos ao cêntuplo o lançamento da semente ao solo fértil.

Mas, o leitor, atento à mensagem de Jesus na parábola destacada, verificará que a semente lançada ao solo era a mesma em todas as ocasiões; o gérmen tinha a mesma qualidade. O solo, contudo, primariamente inapropriado, seja por estar seco, ou pedregoso, ou cheio de espinhos e sarçais, não deu o fruto almejado pelo semeador. Somente ao final, com o lançamento em terra fértil, é que a colheita culminou de bom grado, a mancheias. Mas a semente – repetimos – era a mesma.

Analisemos a questão sob a ótica da escolha do trabalho e o local a nos introduzirmos como seareiros do Cristo. Se, embora possuidores de bom ânimo, boas intenções, inserirmo-nos em um meio inadequado para o desenvolvimento de nossas proposições, notoriamente que não obteremos o resultado esperado. A decepção nos aguardará, ao final, e não será por não estarmos aptos ao labor; apenas teremos escolhido mal a ‘terra’ para a frutificação.

É preciso, por isso, tanto nos atos da vida material, quanto nos atos para a vida espiritual, escolher bem o terreno para a semeadura.

E não se trata, em casos específicos, de orgulho exaltado. Não confundamos o vício moral com a necessária vigilância na prática das ações que devem se consolidar no espírito da equipe melhor instruída.

O Cristo, a exemplo, assim o fez, quando elegeu o povo judeu, marcantemente monoteísta (crença em um único Deus) para a disseminação da Lei Divina. Acaso tivesse escolhido os pagãos ou politeístas, como os gregos, para o desempenho de sua missão imortal, não teria amealhado tanta graça, entre sem-número de seguidores, que se fazem até os dias atuais.

Assim, se nos dispusermos na condição de semeadores na grande lavoura do Senhor, além dos requisitos basilares para o trabalho, quais sejam, amor e boa vontade, é preciso, igualmente, almejando o fruto vindouro, que saibamos semear, e que, portanto, não lancemos sementes onde nada advirá.

A mão na charrua é imperiosa, mas, igualmente imperioso se faz o discernimento para o campo de trabalho, ou nada colheremos, senão suor e lágrimas.

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