OLHOS FECHADOS

“Bem-aventurados os que têm os olhos fechados…”. Essa expressão, aparentemente contraditória num lampejo de interpretação, encerra, em verdade, profunda lição de esclarecimento ao nosso espírito, elevando-o à luz capaz de afastá-lo do erro.

Bem sabemos, pois, que nossos sentidos nos foram dados para auxílio à progressão e sublimação espiritual. Utilizá-los, então, contrariamente à Lei Divina implicará num efeito que, cedo ou tarde, merecerá reparo de nossa parte. É assim que a Justiça Divina opera, concedendo-nos os dons, mas freando-os, ou retirando-os quando são mal utilizados em nossa ignorância ou desvarios transitórios.

Com os olhos, fato diferente não se dá. Bem-aventurados aqueles que não fazem mau uso da faculdade da visão; que não se valem desse sentido para absorver imagens deletérias e prejudiciais ao organismo; que não se facultam do que veem para gerar maledicência, calúnia, ou difamação; que, enfim, não contraem dívidas em desfavor do próximo ou de si mesmos, ao propalarem o equívoco, quando deveriam silenciar-se. Eis uma variante dos bem-aventurados por terem os olhos fechados, ou seja, uma metáfora que nos esclarece a não cair no erro.

Há outra interpretação para a expressão tão difundida no meio cristão. Pode ser aplicada, também, àqueles que sofrem a expiação de terem os olhos fechados, privados pela cegueira, por infração à Lei Maior e, no instante, expiarem com a ausência do sentido da visão.

Seriam eles, nossos irmãos, bem-aventurados, diante de tanto sofrimento? À luz do materialismo e das teorias cada vez mais escassas que pregam a unicidade da existência, certamente que não. Mas sob o prisma luminar da pluralidade das existências, da lei de causa e efeito, da lei de progresso, e da Lei de Amor, tudo está aclarado, ainda que nossa mente não alcance o senso de Justiça Divina.

Os olhos fechados, como resgate de erros do passado, culminados em mau uso do sentido físico, mostra-nos uma Lei de Equidade que reina absoluta sobre nós, tornando vívido que nosso corpo nos foi dado como instrumento de auxílio e transformação de nosso espírito e, não, para fazermos o que dele quisermos.

Assim, diante da mensagem da Boa Nova trazida pelo Cristo, que nossos “olhos sejam bons”, a fim de que não sejamos compelidos a provar, ou expiar, duramente, as consequências do erro que, agravados estarão, por força da máxima: “…muito será cobrado, a quem muito for dado.”

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