OS DESAFIOS DO DISCÍPULO

Mateus, o santo evangelista, discípulo e apóstolo de Jesus, registrou no capítulo oitavo de suas escrituras sagradas, os desafios do discipulado através das lições do Mestre de todos nós. Descreve que, quando o escriba¹ ofertou-se para seguir os passos do Salvador, indo onde Ele fosse, ouviu, contudo: “As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos; mas o filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.”²

A leitura corrente, sem a atenção e reflexão que importa, levará o leitor a compreender limitadamente que o Cristo não tinha residência fixa e, também por isso, não poderia se dizer detentor de patrimônio material algum. Mas, em verdade, o intérprete das sagradas escrituras deve meditar profundamente sobre as lições registradas em consenso com as exemplificações de Jesus, sob pena de limitarmos o Mestre a um mero ditador de teorias – o que notoriamente sabemos que Ele não foi.

Quando, então, sintonizamos o pensamento com a alvura e a pureza de Jesus, bem entendemos que os desafios do discípulo estão nas renúncias que ele deverá trabalhar em si para seguir os passos do Salvador. Segui-Lo não significa ‘ir atrás’, caminhar ao lado; significa fazer tal qual Ele fez; viver como Ele viveu; amar como Ele amou; curar como Ele curou; perdoar como Ele perdoou.

Transcrevendo as lições de Eliseu Rigonatti, o estudioso espiritista, melhor compreendemos: “Seguir a Jesus é renunciar à cobiça, à inveja, à maledicência, ao ódio, à concupiscência, à cólera, à violência, aos vícios, aos maus hábitos, às más palavras, aos maus pensamentos e aos maus atos.”³

Muitos, após essa definição, poderão dizer: “Quão difícil é seguir Jesus…”! De fato. Para segui-Lo é imprescindível despirmo-nos de hábitos arraigados; fruto de convenções que fazem parte de nosso ser há várias existências. Mas, não por menos, registrado está em linhas indeléveis que a única missão do homem na Terra é proceder à sua reforma moral íntima, de forma que o progresso de todos nós, em ascensão espiritual, é resultado que se dará, cedo, ou tarde.

E, àqueles que já compreenderam as tortuosas lides e os espinhos que sangram para caminhar com o Cristo, no discipulado do Amor, rogamos que não haja desalento, nem esmorecimento, pois somos diariamente convidados a um novo alvorecer, para combater o bom combate. Aliás, a felicidade está reservada para os que perseverarem e não aos desertores.

Afinal, após isto, em sincera avaliação, podemos nos considerar discípulos de Jesus?

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[1] Escriba: entre os judeus, aquele que lia e interpretava as leis;

² Mateus, 8:20;

³ Rigonatti, Eliseu – O Evangelho dos Humildes, pg. 68, ed. Pensamento.

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