PARA SEMPRE, EURÍPEDES!

A sertaneja e bucólica Sacramento do século XIX, nos idos de 1880, refletia a paisagem de uma cidade recém-emancipada, mas desprovida de toda e qualquer condição para o conforto de vida. Não havia luz elétrica, nem calçamento nas ruas; nem veículos, muito menos telefone. E foi nesse áspero cenário que a luz em forma de homem escolheu exercer o ministério confiado por Jesus. Nascia, assim, ao 1º de maio daquele ano, o ínclito mensageiro do Amor: Eurípedes Barsanulpho.

Vocacionado à fraternidade, desde tenra idade desvelou-se pelos doentes do corpo, ansiando, nessa condição, pela formação nas ciências médicas quiçá para curar as dores do físico de sua própria mãe – D. Meca – que, ao lado do patrono do lar – Sr. Mogico – ancoraram no seio familiar quinze almas sedentas pela ascensão.

Mas o educandário do Divino médium vertia de esferas mais destacadas e consolidou-se, não só como médico de almas, mas como educador sublime que valeu-se do amor como diretriz e instrução dos alunos que, às centenas, foram-lhe confiados. Que o diga Agnelo Morato, Thomáz Novelino, Inácio Ferreira, Aida Ferreira, Homilton Wilson… Nada de palmatória ou preconceitos de gênero. Nada de subjugação ou hierarquia que humilha. A pedagogia? O amor ao próximo, como mandamento em prática.

Eurípedes médico; Eurípedes professor; Eurípedes espírita. Além, muito além, Eurípedes CRISTÃO!

Porém, como o bem não resplandece sem ataques próprios das trevas em ignota sensibilidade, fora julgado, taxado, espezinhado, processado e achincalhado, sem jamais permitir-se, apesar disso, padecer no calvário lamacento. Elevou-se, ancorado em mãos redentoras, para o trabalho que edifica, consciente de que cada um será aquinhoado segundo as próprias obras.

Homem público – Vereador Especial por dois triênios [1905 a 1910] -, mostrou-se probo e retilíneo, destacando-se pela atuação que projetou a agreste Sacramento ao cenário das capitais. Através de sua investidura, chegaram uma usina hidrelétrica para 400kw, uma ferrovia de 14km à tração elétrica, a canalização da água, o cemitério, o matadouro…

Os adjetivos tão seus que o acompanharam no trato de todas as minudências de sua vida, revelaram-no virtuoso e nem mesmo o momento fúnebre da morte foi derradeira concretização do luto. Não! Eurípedes vive em nossos corações. Intocável e imortal como a luz da Verdade que paira sobre as massas da indecisão, e da mentira.

No alto, aliás, ‘vemos’ de um lado o Cristo; de outro, Maria ‘Nossa Mãe’. Alhures ‘fitamos’ Bezerra, acompanhado por Vicente de Paulo. Mais de perto, milhares de vozes e Luminares Irmãos estão a entoar, em uníssono, àqueles que desconhecem a grandeza do trabalho no Bem: ‘Para sempre, Eurípedes!

——-

* Texto em homenagem e lembrança à data da desencarnação de Eurípedes: 1º.11.1918

Deixe um comentário