POR QUE LUTAR?

Incontáveis são as situações em que nos encontramos, ou encontramos alguém, onde o desânimo e a intenção de não mais prosseguir toma conta. Expressões como ‘não aguento mais essa vida’ ou ‘não consigo mais lutar’, e ainda, ‘para mim basta’, são ouvidas nesse permeio com frequência por todos nós. Atentemo-nos, e verificaremos que são ditas mais comumente do que observávamos.

Não queremos dizer, com isso, que a vida de fato não seja dura, ou que as batalhas não sejam incessantes, e que as dificuldades não nos levem quase à lona do tatame. Bem sabemos, em verdade, que “…a vida é difícil, constituindo-se de mil bagatelas que são como alfinetadas e acabam por ferir-nos…” dia a dia, donde ‘parece justo’, no final da jornada, sentirmo-nos enfraquecidos e já esgotados.

Mas, então, já que a vida é assim, por que lutar? Respondemos, com escoro no ensinamento do mestre lionês, Allan Kardec: “…as lutas são necessárias para fortalecer a alma; o contato do mal faz apreciar melhor as vantagens do bem. Sem as lutas que estimulam as faculdades, o Espírito se deixaria ir para uma negligência funesta ao seu adiantamento. As lutas contra os elementos desenvolvem as forças físicas e a inteligência; as lutas contra o mal desenvolvem as forças morais.”¹

Isso leva-nos à conclusão racional, então, de que as lutas são o instrumento de aprimoramento de nós mesmos, seja física, intelectual, ou moralmente. Em linhas mais concretas, é o trabalho artesanal que nos impele à nossa própria lapidação; ou, como diriam algumas escolas iniciáticas, é a transformação da pedra bruta em pedra polida.

Convém não esquecermos, demais disso, que a própria categoria espiritual em que nos encontramo, longe da perfeição e pureza a serem alcançadas, congrega para o fato de que temos muito a lutar, cabendo observar, ademais, que a nossa casa-lar, ou seja, a Terra, é também um planeta, embora em transição, categorizado como de provas e expiações.

Assim, meus irmãos de ideal para o progresso, o que nos resta é não lamentar. Ao contrário, é ‘empunhar a enxada do trabalho regenerador’ e começar, prioritariamente em nós, o aperfeiçoamento moral que nos permitirá, dentro das leis temporais de Deus, gozarmos de climas amenos, pastagens verdejantes, afetos duradouros, e, quiçá, músicas celestes.

À luta, pois!

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[1] Kardec, Allan – Obras Póstumas, ‘Regeneração da Humanidade’, págs. 225/231.

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