POSSES REAIS

“O que é meu é para todos. O que é teu é para todos. Nem teu nem meu. Tudo é de Deus, que o dá para todos.”

Enviados ao plano terreno para as experiências transitórias da evolução, muitos de nós nos apegamos aos bens materiais tais quais possuidores inveterados, achando-nos na condição de donos, a tal ponto, que a cegueira chega a ofuscar, ou impedir, compreendermos a nossa mera, e real, ‘posse usufrutuária’.

Ora, bem sabemos que os bens materiais e as nossas posições sociais são condições efêmeras, passageiras mesmo, e que nos são postas à disposição para bom uso; seja em nosso favor, ou dos semelhantes que menos possuem.

Por isso, acertada está a inscrição destacada no introito do presente texto, já que os pronomes possessivos ‘meu’ e ‘teu’ não devem ter guarida no coração do cristão consciente. Em se tratando de bens materiais e títulos sociais – como dissemos – a máxima é de que somos simples fruidores de suas benesses, de forma que Deus-Amor, o Divino condutor de tudo que existe, pode nos retirar os ditos bens e repassá-los a outrem, com possíveis condições de melhor fazer uso.

Daí porque uma dúvida nos assola: sabendo-se que o espírito é imortal; sabendo-se que a verdadeira vida é a espiritual, que prosseguirá no além-túmulo; sabendo-nos meros usufrutuários dos bens concedidos a nosso dispor; sabendo-se, ainda e enfim, que nada levamos desta existência, senão os valores morais que adquirimos… qual a razão de tanta inconsciência, tanta luta, tanta avareza, tanto poderio que somente destrói e aniquila?

O próprio homem, com o discernimento que deveria adotar, bem sabe que os anos passam céleres, e com eles as melhores condições de uma felicidade a ser conquistada no íntimo de si mesmo. Não se compreende, por isso, porque o próprio ser humano, então, não se dá conta de que os valores materiais são uma ilusão, uma quimera, que o entorpece e impede a sua ligeira evolução.

Óh homem! Óh irrisão e cegueira! Até quando os vícios morais serão o leme que conduz a nossa estrada?

Não por menos, o Amado de Deus, Jesus, nosso guia e modelo, prenunciou que a Verdade nos libertaria quando fosse conhecida: “Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará.”

Que a magna luz desta libertação, com o poder luminar do Sol-Maior, possa, então, aclarar nossas mentes e nossas consciências com a evidência da razão, da lógica e da transformação interior, para que subamos, enfim, as escadas místicas de Jacó, livres e leves do fardo material.

E, no desfecho de Leon Denis, o filósofo francês e Apóstolo do Espiritismo, caminhemos, com lucidez, Semper Ascendens, ou seja, ‘Sempre para o Alto’.

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