A REENCARNAÇÃO N’OUTRO PRISMA

“…a tensa expectativa de um novo mergulho na carne redentora, na qual o Espírito fica, pelo menos, anestesiado nas suas angústias.” – Hermínio Corrêa de Miranda¹

Allan Kardec, o inolvidável mestre Codificador do Espiritismo, na Questão 132 de O Livro dos Espíritos, indagou aos portadores da mensagem do além: “Qual é a finalidade da encarnação dos Espíritos?² Como resposta, em linhas gerais, registrou: progresso espiritual com a possibilidade de auxiliar o Criador nos processos de cocriação; para uns é uma missão, para outros, expiação.

Eis, aí, uma sublime face dessa lei fundamental que permite ao Espírito progredir e, ao mesmo tempo, adquirir experiências através das provas e superação dos obstáculos, quando não, reparar os equívocos de outrora.

Outro prisma, no entanto, muito bem apontado pelo eminente escritor espírita Hermínio Corrêa de Miranda, na parte introdutória do clássico Diálogos com as Sombras, é o de que a reencarnação – ou aquilo que chamou “novo mergulho na carne redentora” – é concessão de misericórdia divina para aqueles Espíritos que, no plano espiritual, suportam amargos resultados pelos erros advindos da existência no corpo material.

Por força da “lei de causa e efeito”, tão clara com o advento do Espiritismo, sabemos que tais irmãos – ou nós mesmos, porque não? – na transitória condição, em suportando os equívocos da vida terrena no plano espiritual, sofrem as mazelas resultantes das ações e omissões nefastas.

Por isso, se têm condições psíquicas, clamam mesmo a internação em novo corpo físico; casulo capaz de conceder-lhes o esquecimento daquilo que lhes aflige, que lhes atormenta. E, mesmo quando não têm condições de fazê-lo por si mesmos, tal o desvario, não estão desprovidos da clemência do Senhor dos Mundos que, através de abnegados Mensageiros, conduzem, a tempo e modo, nova investidura do Espírito em vida terrena.

As leis divinas são eternas, mas flexíveis, não nos resta a dúvida; pois a justiça de Deus escora em sua essência: AMOR.

Nesse contexto, ficamos a refletir na grandeza suprema do Pai Todo-Poderoso que, mesmo em nossa infância espiritual a refletir nossos desmedidos atos ignotos, jamais nos desampara, e nunca nos relega a nós mesmos, dando-nos, como antídoto, para o mal que criamos, a internação capaz de curar a enferma posição.

Eis, enfim, porque vale replicar a definição sublime de João, o Evangelista, acerca D’Ele, o Criador incriado: “Deus é Amor”.³


¹ MIRANDA, Hermínio Corrêa, livro “Diálogo com as Sombras”, FEB, 25ª edição, página 20;
² KARDEC, Allan, em “O Livro dos Espíritos”, Questão 132;
³ I João 4:8

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