REVERSO DO AMOR

Reverso, sabemos, é aquilo que é oposto ao principal; o contrário. Contudo, o reverso do amor – como se poderia crer -, não é o ódio, mas, sim, a indiferença. Isso mesmo, a indiferença.

Na concepção fraterna e espiritualista do amor – que sempre nos importa à reflexão – convivemos diuturnamente com as belas lições do magnânimo Mestre nazareno a nos convidar ao aperfeiçoamento do verbo, para fazermos ao próximo o que desejamos nos seja feito.

Entretanto, situações existem que impedem que o amor cumpra seu ciclo virtuoso, pois que os destinatários do sentimento fraterno nem sempre se encontram em condição receptiva para absorvê-lo.

Tais quais tartarugas, à primeira vista do amor-perigo, enclausuram-se em seus cascos, encolhem-se à toca, receosos de que esse sentimento possa feri-los na sua fortaleza – leia-se frieza – que moldaram aos sentidos para enfrentarem a ríspida e perigosa teia social.

Embora as justificativas sejam respeitáveis, é imperioso considerarmos que o sentimento amor não atinge o destinatário sem que ele o deseje. Assemelha-se à imagem de Jesus que chega ao casebre e faz sinal de bater à porta. O assistente, atento ao quadro, verifica que não há tranca do lado de fora, de sorte que o habitante da humilde morada deve abrir a porta pelo lado de dentro para que Jesus a ela ingresse.

De igual modo, o amor somente será acessível ao outro, ao próximo, quando o mesmo confiar naquele que direciona o sentimento e encontra a porta do coração aberta, passando a ser capaz de realizar curas inesperadas pelo efeito da maior energia que circunda os multiversos.

Não olvidemos, porém, que o outro, o próximo, somos nós mesmos, de forma que é vital amar, mas, imprescindível também, sermos receptivos ao amor.

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