Pouco nos damos conta, mas a assertiva é contundente: somos hoje, o fruto do que ontem fomos.
Pensemos…
A considerar que o espírito é o ser viajor por multimilenárias existências, vem o mesmo angariando experiências em cada uma delas, como a somar em seu patrimônio integral. Etapa a etapa, então, agrega, de forma inexorável ao ser imortal, as lições que apreende nas vivências capituladas.
Eis porque, é imprescindível reconhecer se o fruto que hoje somos é daqueles que rende sabores ou dissabores ao nosso próprio reconhecimento.
Sim, pois somos lucidamente conscientes – dentro dos limites de nossa evolução – de que somos responsáveis pela colheita das sementes que lançamos no contributo do progresso individual, cabendo a nós mesmos, nessa condição, análise racional acerca de nossa felicidade ou infelicidade pessoal.
Tão imprescindível a proposição de análise íntima que o Espírito Santo Agostinho nos rememorou a lição do imortal Sócrates, na reminiscência do “conheça-te a ti mesmo”¹. E, mais que palavras de vã filosofia, a sabedoria da máxima socrática também asseverada e confirmada pelo santo agostiniano, impele o ser ao escrutínio de si mesmo, para que, acaso reconheça que o fruto não tem trazido o sabor almejado, possa começar o trabalho de plantio de forma diferente.
Ora, não estamos legados a eterno desgosto, a eterna devassidão e equívoco! Não! A lei de progresso por certo nos arrebatará aos cimos da transformação, de uma forma ou de outra, razão pela qual é necessário um pensamento acerca de nossa atuação nos capítulos vividos, para modificarmos aquilo que precisa ser modificado.
Não esperemos, igualmente, saltos para a santidade. O que devemos é nos prontificar, humildemente, ao desejo da mudança aliando a ação operante, a fim de que os “obreiros do Senhor”, tutelares do Amor, possam agir em nossos sentimentos e pensamentos, levando-nos a decisões meritórias para o nosso próprio aperfeiçoamento.
Aí sim, por certo, alterando a semeadura para o terreno mais fértil de nosso coração, retraindo-nos do caminho pedregoso, ou espinhoso, a terra adubada trará o fruto melhor que renderá, o cêntuplo, para a aquisição dos valores sublimados.
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¹ Questão 919 de O Livro dos Espíritos.