TIA HEIGORINA… UM BEIJO À FLOR

“Um beijo no seu coração…”Heigorina Cunha

Partilhamos do pensamento de que a reverência que se faz à uma grande alma vivente, ou luminar Espírito já em outra dimensão, traduz-se na comunhão do sentimento afetivo, enlaçando os corações que buscam se aproximar do verdadeiro sentido da expressão: família universal.

Bem por isso, enquanto seguidores humildes daqueles que nos precederam na grande caminhada da transformação moral, seria falta grave de nossa parte não ilustrarmos as colunas deste periódico semanal com a figura magna desse “beija-flor” que, na mais íntima condição familiar, era chamada por “Nina”.¹

E tal como o beija-flor é tido por “mensageiro dos deuses” e simboliza o renascimento, a delicadeza e a cura, nossa Professora Heigorina Cunha, com o luzir de seu nascimento em 16 de abril de 1923, exemplificou ao mundo, desde as terras de Sacramento, a mensagem da superação da dor, o simbolismo da doçura, e o renascimento constante, diário, da Fé humana e divina.

Com pouco mais de um ano (abril/1924), embora nascida como uma criança naturalmente saudável, passou a sentir o atrofiamento de sua perna direita; o que mais tarde resultou no diagnóstico da poliomielite, popularmente conhecida como paralisia infantil. Mas a provação precoce, consubstanciada na dor física, não foi capaz de subjugá-la ao vitimismo, pois aos 7 anos de idade, por orientação de sua progenitora, D. Sinhazinha, começou a costurar, à mão, roupinhas que eram revertidas em benefício das crianças carentes.

O amparo da Falange Maior, a assistência do benfeitor espiritual Dr. Bezerra de Menezes, e a fé consolidada em Deus, fizeram-na, na fase adulta de sua vida, alcançar a cura da enfermidade e, enfim, voltar a andar.²

Sua educação religiosa – que fora calcada nos pilares da Doutrina Espírita – inspirou-a na continuidade dos trabalhos de divulgação do Evangelho e o “Culto das 9 horas”, iniciado por seu tio, Professor Eurípedes Barsanulpho, há quase 119 anos, desde os idos de 11 de junho de 1904.

Portadora de condição mediúnica extraordinária, através de seus desdobramentos (saída do corpo) visitou algumas cidades espirituais sob o amparo e orientação do Espírito Lucius; inclusive a cidade espiritual ‘Nosso Lar’, resultando em desenhos e ilustrações que serviram de inspiração ao filme homônimo e estão contidas nas suas obras “Imagens do Além” e “Cidade no Além”.

Expoente da caridade, Tia Heigorina foi incansável instrumento de alento aos necessitados. Com 75 anos de idade, idealizou, angariou fundos, e subvencionou a construção da ‘Casa Assistencial Dr. Bezerra de Menezes’; instituição filantrópica sediada na Fazenda Santa Maria que atende crianças de 0 a 14 anos com deficiências físicas ou mentais, oferecendo atendimento gratuito em diversas especialidades médicas.

Não se pode olvidar, é certo, que este espírito missionário cumpriu a máxima evangélica e fez da Fé e da Caridade a sua obra de vida; sua charrua para plantar o amor ecoará no atemporal para os homens e mulheres que se inspiram nos grandes exemplos de retidão.

E nós, em nossa pequenez, caminhantes na seara terrena, até parece que ouvimos baixinho sua voz doce e afável a estimular-nos os passos, como verdadeiro Anjo do Bem: “Querido(a), um beijo no seu coração…”.

Salve Heigorina Cunha! Hosanas nas Alturas infinitas…

——-

[1] Dr. Agnelo Morato, na obra “De Sacramento a Palmelo”, revela essa tratativa íntima às fls.26;

² Toda história de superação está descrita no livro “A Força da Mente”, de autoria da Professora Heigorina Cunha.

Deixe um comentário