CONFISSÕES ¹

Aurélio Agostinho [354-430], o reconhecido e reverenciado Santo, certamente é, até os nossos dias, um dos maiores exemplos de reforma moral íntima que se tenha tido notícia.

Filho de Mônica e Patrício, o então pequeno africano romanizado recebeu da mãe a educação cristã que o influenciou mais tarde, enquanto, do pai, herdou o temperamento sensual e impetuoso.

Tal temperamento conduziu Agostinho até os seus 32 anos de idade quando, avassalado por uma crise de ceticismo, deu novo curso à sua existência para professar a fé materna, repleta de ternura e contemplação mística. Surgiu, a partir daí, o homem santo que o mundo e as religiões invocam em prece.

Dentre todas as preciosas lições vividas, Santo Agostinho se faz grande porque foi capaz de enfrentar e eliminar as suas próprias paixões materialistas, seus vícios morais, suas imperfeições espirituais. Fez mais! As confessou para si e para o mundo, trazendo à carne viva os seus maiores pecados a fim de que o julgassem; quem quer que fosse capaz de fazê-lo.

Em sua obra autobiográfica, escrita provavelmente entre 397-398 d.C., Santo Agostinho nos revela que somente a contemplação do Divino é capaz de preencher o vazio e suprimir as manchas produzidas pelas paixões mundanas. Ávido de Luz, nos convoca a não perdermos tempo para voltarmos o nosso coração à Deus, sob pena de colhermos grãos podres na lavoura que não foi bem cultivada.

Ele mesmo reconhece: -“Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu te amei! Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora!” ²

Àqueles que se posicionaram contra suas condutas espiritualistas, o homem Santo foi humildade e compreensivo ao dizer: “não estou seguindo caminho contrário ao de vocês; apenas estou do outro lado do caminho”.

É preciso, por isso tudo, ter forças para lutar no bom caminho, pois “enquanto houver vontade de lutar, haverá esperança de vencer.”

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[1] AGOSTINHO, Santo, 354-430. I. Título – Autobriografia.

² Obra citada: fls.295.

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