Ao colocarmos nossas ações em prol dos mais necessitados, seja através da caridade material, ou mesmo da caridade moral, quantos de nós, em diversas situações, aguardamos silenciosamente as recompensas surgirem por meio da gratidão expressa pelos beneficiados.
Sim! Ainda que não admitamos, no íntimo de nossa alma satisfazemo-nos com a reverência manifesta daqueles a quem beneficiamos. Há um regozijo com essa atitude em nosso favor. É, ainda que não concebamos, um desejo oculto de recompensa pelo bem que julgamos fazer ao próximo.
Pobres de nós que ainda não alcançamos em absoluto a máxima cristã: ‘Que a vossa mão esquerda não saiba o que dá a vossa mão direita’! ¹
De fato, a verdadeira caridade não espera recompensas; não humilha; não expõe o beneficiado; não queima a mão de quem a recebe; não grita aos quatro cantos para se ver congratulado; isto é, a caridade evangélica é feita no mais absoluto DESINTERESSE.
Dizem-nos habitualmente os amigos espirituais, através das inúmeras obras que nos caem às mãos, que esperar as recompensas da terra (dos homens mesmo!) é renunciar as recompensas dos céus, pois que, no momento derradeiro, a Justiça Divina não faltará em sentenciar: ‘…vai para a esquerda e estejas satisfeito de que a esmola te seja contada ainda por alguma pequena coisa’.
Incansáveis na arte caritativa de derramar o esclarecimento sobre nossas mentes aturdidas, parece que ouvimos ressoar em nossos pensamentos: ‘Desperta, ó tu que dormes!’ ²
Então, quando ocorrer esse despertar tão esperado pelos Amigos Benditos que nos antecederam na compreensão da verdadeira caridade, talvez reconheçamos que a ação no bem que ora empenhamos em favor de nosso próximo seja, simplesmente, gratidão por tudo quanto, nós mesmos, já recebemos.
Afinal, ensina nosso benfeitor celestial Emmanuel: [é necessário] ‘…servir para merecer, e raciocinar para discernir…’.³
_______
[1] Mateus: 6, 1-4;
² Efésios: 5, 14;
³ Médiuns, Seara dos – Chico Xavier pelo Espírito Emmanuel; Mensagem de nº 52 intitulada ‘Pedidos’; pg.167.