Ressurgir, tornar à vida; eis o significado da palavra ressurreição, num simples ato de conceituação simbólica. Contudo, o ensinamento cristão encerra profunda lição, atrelado ao dia a dia de cada um de nós, e especialmente, vinculado às nossas ações que carreiam à regeneração.
De fato, a ressurreição do Cristo vai muito além da experiência que, ainda hoje, suscita discussões entre cristãos e não cristãos. A imortalidade da alma, defendida igualmente nos meios religiosos, não ocupa o papel primordial, senão como princípio reflexivo que norteia os passos de seus seguidores. Além disso, muito além mesmo, está a essência, que é a ação concretizada; a transformação no agir, léguas acima da teoria que instrui.
Dia após noite somos brindados com o convite à ressurreição. O nascer do sol e o fulgir dos raios luminosos são a demonstração clara de que o ressurgir bate-nos à porta, como oportunidade de palmilharmos um outro caminho, se aquele até então trilhado vem sendo exclusivamente calcado por espinhos dolorosos.
Concebemos, com essa aparente abstração, que o real renascimento é o renascimento de nós mesmos, principiado ao permitir sejamos retirados das trevas espessas que nutrem sofrimento, para o encontro com a luz restauradora, de sublime elevação acima dos planos materiais.
Ora, até quando o simbolismo e a ritualística terão um sentido vazio em nossas concepções? O Cristo, decerto, carece de demonstrações evasivas de nossa parte, com ladainhas repetidas desde os fariseus e saduceus? Acaso o Mestre não aguarda de nós, senão uma mudança de comportamento para o bem? Acaso o que se diz portador do Evangelho não será convidado a dar mostras, cedo ou tarde, das lições que teorizou? Enfim, não se reconhece o verdadeiro cristão pelas suas ações, malgrado a seita ou religião?
Meus amigos e irmãos de ideal, carecemos, ainda hoje, da compreensão; e o momento religioso, nesta ou naquela fieira, é sempre oportunidade de reflexão sobre o que estamos fazendo para a nossa própria melhoria e evolução moral.
Assim, ao nos prepararmos para a celebração da ressurreição do Ungido, pensemos antes se estamos renascidos em nós mesmos, no caminho do bem e do amor ao próximo, em Jesus, com Jesus, e para Jesus, sempre.
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