Ao decantar a sabedoria popular para a eternidade, o saudoso poeta gaúcho, Mário Quintana, expressou: “…Quando se vê, já são seis horas! Quando se vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é natal… Quando se vê, já terminou o ano… Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê passaram 50 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado…”¹
De fato, basta uma pausa para a reflexão inacabada e nos surpreendemos com a capacidade que o tempo tem de nos trazer o choque da realidade. Não há como voltar atrás. O tempo se foi… e ficou a dura e melancólica constatação de que não fizemos o bastante.
Se nos fosse dado mais tempo – dizemos – faríamos tudo diferente. Teríamos dado menos valor às coisas pequenas, aos aborrecimentos, aos melindres, às ofensas inúteis e pegajosas, aos bens materiais, ao trabalho que tanto nos adoeceu o corpo físico.
Teríamos, ao contrário, dado o beijo no filho que nos pede carinho; o ombro ao pai que espera a sustentação; o abraço ao amigo que roga a compreensão; o remédio ao doente que suplica o repouso; a luz ao ancião que se fortalece pela oração.
Teríamos sim, oh bom Deus!, rogado novas oportunidades para o aprendizado. Novas condições para sermos melhores; para sermos o instrumento do Vosso amor.
Mas, nem tudo nos é lícito postular. Devemos colher os frutos de nosso plantio, seja ele profícuo ou não. É a lei de ‘causa e efeito’ que reina nos multiversos da Divina Criação.
Após, por Misericórdia Sublime, com o despertar da consciência veremos, ao longe, a nova safra a nos abençoar; um novo tempo de alegrias e realizações, pois, ainda que “ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode recomeçar agora, e escrever um novo fim.”²
Que o despertar espiritual, então, não tarde em nós.
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¹ O Tempo; Mário de Miranda Quintana [1906-1994];
² Chico Xavier.