Deveras, em muitas ocasiões vemo-nos a orientar e aconselhar aqueles que nos partilham a convivência diária. Postamo-nos, nestes momentos, como tutores, professores, norteadores para uma caminhada que entendemos deva ser seguida pelos nossos ouvintes.
Nessas ocasiões, infelizmente, mostramos as pegadas a serem seguidas mas, enquanto isso, nós mesmos não estamos a trilhá-las. Nossas palavras, por isso, ecoam em um vazio que não preenche, pois não estão lastreadas no exemplo. São teorias abstratas que nada refletem, que nada impressionam nossos circundantes, já que não fazemos aquilo que falamos.
Bem por isso, cremos seja este o momento de melhor refletir sobre nossas palavras e ações.
Somos espelhos vivos e estamos sendo observados por todos os que se ligam aos nossos corações; seja para nos secundar o bem, seja para nos prejudicar o avanço espiritual. E, como espelhos, refletimos aquilo que temos e somos verdadeiramente, malgrado a beleza das palavras, quase sempre polidas, que a intelectualidade adquirida nos proporciona.
Não nos enganemos, contudo! Aqueles que nos ouvem, bem sabem de nós.
Somente o trabalho fraterno, cumprindo a máxima do amor ao próximo, e a autodeterminação para o bem, são capazes de magnetizar nossas palavras na mente de nossos companheiros de jornada. Quando lembramos de Jesus, o Divino Guia e Divino Modelo, não temos como duvidar da palavra perdão, pois que o Mestre, ainda crucificado, rogou ao Pai a misericórdia para nossa ignorância. Sobre o Amor, o mesmo caminho, pois Ele o vivenciou em todas as condições, ainda mesmo nos momentos de traição e negação de seus discípulos.
Não queremos dizer, com isso, e diante de nossa pequenez espiritual, que não devemos levar a palavra orientadora a quantos nos busquem o esclarecimento. O que dizemos, por ocasião desta reflexão, é que nossas palavras devem ser objeto de oportuna mudança em nós mesmos.
Por caminhos que desconhecemos Deus nos apresenta a condição necessária de transformação. Daí, quando achamos que estamos na altura de professores frente ao aluno incipiente, a vida nos impele, momentos depois, a analisar o papel que se inverte, d’onde descemos o degrau para sorver a lição como aprendiz. E o bom conselheiro se vê, por isso, aconselhado…
Eis que Deus, por linhas tortas, vem nos convidando a falar e fazer, para que o fazer seja, de fato, o reflexo de nosso falar.
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