“A verdade é que o homem está vivendo para destruir o homem.” Humberto de Campos, Espírito¹
As palavras acima destacadas são de autoria do notável Espírito Humberto de Campos, e estão insertas em lúcida mensagem psicografada pelo médium mineiro, Francisco Cândido Xavier, no dia 24 de julho de 1936.
Dirigindo-se na oportunidade à Maria Lacerda de Moura², não deixou o benfeitor espiritual de registrar o seu recado explícito à humanidade terrena, acerca das próprias ações, responsabilidades e, porque não dizer, do seu próprio destino.
É que o homem – enquanto ser humano –, de fato, tem vivido, desde tempos idos, para destruir o seu próximo, sem compreender que, com isso, está a destruir a si mesmo. Tal como a precisa lei de causa e efeito nos evidencia, o que doamos, recebemos; é lei de retorno e, igualmente, lei de justiça.
Bom sabedor de tudo isso, foi que Jesus nos ensinou: ama a teu próximo como a ti mesmo; pois só o Amor dispensado é capaz de trazer de volta as alegrias e a paz que ansiamos.
Mas, ainda displicentes quanto ao ensino do Mestre, estamos a nos engalfinhar na discórdia contínua, plantando a dor com a falsa ilusão de que colheremos o amor. Não… precisamente, não.
Um olhar criterioso ao nosso redor não dará desmentido à citação do Espírito Humberto de Campos. Pior! Veremos que, embora passados mais de oitenta anos da mensagem epigrafada, estamos em plena ebulição planetária e tristemente sem o luzir da concórdia universal.
Talvez os amigos leitores serão induzidos a pensar que estou à conta de desalentado quanto à condição humana no presente artigo. Ousarei, de antemão, dissuadi-los deste pensamento…
É que às vezes precisamos encarar a realidade de ‘nosso edifício’ que se aparenta inclinado à queda e à ruína, entremostrando trincas quase irrecuperáveis e buracos comprometedores da estrutura.
Daí, somente assim, reconhecendo o risco iminente da queda e do desabamento, tomaremos ações emergenciais de corrigenda e manutenção fundamental da obra que, bem entendido aqui, trata-se de nós mesmos, seres humanos, enquanto construtores do edifício íntimo no solo sagrado, e depurador, da escola-Terra.
Saiba o homem dar novo rumo à sua rota, ou, enfim, aceitar o que o destino lhe revelará…
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¹ XAVIER, Francisco Cândido, pelo Espírito Humberto de Campos, in Crônicas de Além-túmulo, capítulo 19, intitulado “Carta a Maria Lacerda de Moura”;
² Maria Lacerda de Moura (1887-1945), anarquista brasileira que se notabilizou por seus escritos feministas.