À medida que aumenta a nossa compreensão sobre os ensinamentos do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, agrava-se, de sua vez, a nossa responsabilidade para com a sua aplicação nos atos mais simples de nosso dia a dia. Com a ofensa e o perdão não há condição diversa.
No estágio de egoísmo e orgulho exacerbado, toda ofensa que nos é gerada convida a atos de ofensa; violência gera a violência; vingança gera a vingança. É a lei de talião, no império do olho por olho, dente por dente.
Num degrau mais avançado, moralizando-se o homem por um tanto, a ofensa convida-o ao exercício do perdão. E quantas vezes há de perdoar, o ofendido, ao seu ofensor? O discípulo e apóstolo Pedro perguntou primeiro, e o Mestre respondeu-lhe: sem-número de vezes, Pedro; ou acaso você também deseja um limite de perdões aos seus erros?
Nesse contexto de evidente ensinamento moral, há, porém, uma lição que traduz profunda virtude: “A questão não é perdoar; é não se sentir ofendido”.
A invocação é luzente caminho aos cânones da elevação, pois revela que o homem abnegado, que renuncia a si mesmo, nem necessidade de perdoar terá, pois que jamais se sentirá ofendido. Já nesse patamar evolutivo – d’onde destacamos, a exemplo, o luminar mineiro Chico Xavier, tantas vezes ofendido sem qualquer demonstração de que o tenha sido -, o ser humano não se melindra com o erro de outrem, pois sabe que, cedo ou tarde, a Lei Divina enquadrará o ofensor, e a prestação de contas será exigida, com Justiça rigorosa.
É, de fato, estágio da mais alta concepção. Não se ofender com erros dos equivocados e lançar olhar que compadece, é condição de envergadura espiritual para quem já vivencia, na mais santa realidade, o mandamento cristão: “amar o próximo, como a si mesmo.”
Afinal, já sabem eles, os regenerados, que o equivocado de hoje será o sublimado de amanhã, como o sublimado de hoje, nada mais é do que aquele que se equivocou no dia de ontem.
Vê-se, pois, que em matéria de ofensa e perdão o progresso não faltará a convidar-nos a outros tantos pontos de reflexão…, e ação.
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