Ensina-nos o Evangelho que a Fé é a virtude maternal da esperança e da caridade. É a base da regeneração, sem a qual todo o edifício em construção pode vir a ruir.
Entretanto, onde encontrá-la? Onde buscá-la? Como alcançá-la, enfim, nos momentos em que somos postos à prova?
Volto no tempo de meus pensamentos e, embora inúmeros sejam os exemplos em que ela – a Fé – se nos revela, encontro duas passagens que são o retrato de sua demonstração.
A primeira refere-se à passagem da mulher hemorroíssa, aquela que havia doze anos vinha sofrendo de uma hemorragia e gastara tudo o que tinha com os médicos; mas ninguém pudera curá-la. Sua fé foi tão ardorosa, tão verdadeira, que pensou: _ Basta eu toque as vestes deste Homem, e eu ficarei curada.¹
Observemos quão sublime é esse quadro! Pediu ela para ser tocada por Jesus? Pediu que Ele lhe dirigisse palavras reconfortantes e encorajadoras? Não. Tão somente confiou e as Suas vestes tocou, obtendo a cura almejada.
A segunda passagem reservamos ao óbolo da viúva, onde a pobre mulher depositou apenas duas moedas no gazofilácio² e, embora poucas fossem as suas pratas, atraiu a atenção de Jesus que asseverou aos seus discípulos: _ Esta mulher doou mais do que todos que por aqui passaram, pois deu da sua indigência, da sua necessidade.³
Não é de se admirar que a velha senhora tivesse tamanha Fé em acreditar que o seu escasso dinheiro pudesse ajudar a alguém? Não é de notar que ela depositou tudo o que tinha e não temeu passar fome?
Pois estas passagens, irmãos meus, traduzem a Fé que o Evangelho nos ensina. A Fé que está n’outros mundos, n’outros planos, em a Natureza, e está em tudo, pois irradia do Criador. Portanto, está, igualmente, no íntimo de cada um de nós, em nossos Espíritos.
Cabe-nos, por consequência da rota evolutiva, a sua edificação, a sua elevação, de tal modo que, também nós, um dia, possamos confiar que seremos curados tão somente pelo toque às vestes de Nosso Senhor, ou que tudo possamos dar, até mesmo de nossa indigência, e não haveremos de passar fome, pois Ele jamais nos desamparará.
Por isso, confiemos. Confiemos…
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¹ Lucas 8:43-48
² gazofilácio: Lugar em que, no templo, se recolhe as ofertas
³ Lucas 21:1-4