Consta que, na Grécia antiga, os gregos valiam-se de uma máscara para interpretações cênicas, onde representavam seres que, a despeito do que realmente eram, transformavam-se para a convivência social; era a demonstração de que a aparência sobrenadava à essência íntima. Como se se pudesse dizer: vista a sua máscara e saia ao convívio.
Bem; passados milênios e, mesmo com o estudo profundo da psicologia, da psiquiatria e outras ciências que tratam da condição humana, ainda hoje, as aparências têm forte espaço e território marcado nas individuações de cada um de nós.
Para sermos “aceitos” na comunidade em que estamos inseridos, é comum a falha situação de nos mascararmos, nos personificarmos de algo – ou alguém -, que não somos, e encenarmos nossa atuação na sociedade para uma exterior e harmoniosa convivência.
O íntimo do ser humano, contudo, borbulha em pressão que aumenta na mesma medida em que a falsa condição se expressa. De tanto encenarmos, chega o dado momento do cruel enfrentamento da realidade; da frustração; da decepção; do descerramento da ilusão na qual nós mesmos nos encarceramos.
A despeito dessa tortuosa manifestação da personalidade o sábio Sócrates deixou um grande legado ao propagar o lema: “Conheça-te a ti mesmo”. Imperativo de profunda conotação, pois nos impele ao autoconhecimento, à autoavaliação, para que nos portemos, íntima e socialmente, como realmente somos.
Não quis o filósofo dizer com isso que devemos incitar o desequilíbrio social; não se esqueceu o mestre que as relações sociais também exigem o respeito aos deveres e direitos mútuos. A lição encerrada diz respeito à nossa sinceridade íntima, ao grau de autoaceitação, para que nos amemos, nos valorizemos, nos transformemos no caminho do bem e da virtude, sem que nos portemos com falsidade para sermos aceitos por quem que seja, ou inseridos onde quer que estejamos.
Lembramos, assim, e nesse contexto, que a maior responsabilidade que sustentamos na presente existência é a “nossa reforma moral íntima” e, cremos impossível alcança-la, sem que SEJAMOS NÓS MESMOS.
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